quinta-feira, julho 06, 2006

pre-texto diário( para não dizer que não falei...)

Pra não dizer que não falei de vitória

Eu sei, eu sei, que eu sou um pastor e que não deveria ficar assim me “Expondo”. Eu sei que eu deveria manter uma “postura” pastoral, porque afinal de contas eu tenho que “dar exemplo”.
Eu sei, eu sei, que se alguém ler este texto pode se decepcionar comigo, pois podem me considerar “fora da casinha”, quem sabe um homem de pouca fé.
Mas eu quero confessar: Eu não acordo todo dia sorrindo não. Tem dias que eu acordo de mal com a alegria. Tem dias que eu não tenho uma super-vitória para conta. Tem dias que eu não tenho um “testemunho maravilhoso” para falar. Tem dias que eu não encontro palavras de consolo para quem está chorando, então, eu apenas choro junto. Tem dias que parece que as coisas não acontecem. Tem dias que eu não tenho uma “palavra de vitória” uma confissão positiva, um sorriso, uma esperança sobrando para amanhã e nem uma certeza que terei aquela vitória.
Tem dias que eu sei que minha oração não será respondida, que minha pregação não vai ser aquela maravilha, que minha família me achará estranho.
Tem dias que eu não quero falar com ninguém, ver ninguém, abraçar ninguém nem orar com ninguém.
Tem dias que eu penso que o mundo vai acabar, que a resposta não existe e que Deus me abandonou até amanhã.
Tem dias que Deus não me atende, fecha seus ouvidos e me deixa em suspense, porque ele resolveu silenciar a meu respeito. Tem dias que eu não me sinto bonito, nem importante e nem ungido.
Tem dias que eu quero chorar. Tem dias que eu sinto tristeza. Tem dias que eu sinto dor. Tem dia que eu olho ao redor e pergunto; pergunto sim: Porque Senhor??? São dias de nada, dias sem cor, dias sem triunfos e sem beleza.
Não, não acho que estas coisas sejam anormais não. Por eu ser normal é que tenho estes dias. Talvez você tenha se decepcionado comigo, mas é bom você saber que eu sou humano. Sou pastor, sou fraco, sou dependente, sou vencível e não angelical, e , não queria ser diferente. É assim que Deus me abençoa, é assim e por causa de todas estas coisas, eu me considero “mais que vencedor em Cristo Jesus.
Graças a Deus que eu não preciso fingir. Graças a Deus que eu não preciso esconder minha humanidade. Graças a Deus que eu não preciso usar máscara de invencível. Graças a Deus que eu não preciso fazer cara de “espiritual”, nem gesto de “ungido”, nem repetir mantra de “pretenso adorador”, nem fingir que tive uma “revelação”, nem inventar algo para a igreja me considerar um “iluminado”.
Graças a Deus que eu não entrei na competição de quem é mais profeta, mais apóstolo, mais amigo de Deus ou mais parecido com o anjo Gabriel.
Graças a Deus que eu posso, falar de minhas fraquezas, pois assim eu posso dizer: Eu sou livre!! Eu sou livre da tirania do evangeliquês! Eu pertenço ao grupo dos não tem vergonha de dizer: eu creio mesmo é no Evangelho da cruz!

Um comentário:

Episcopal disse...

Oh pastor...
Ler seu desabafo de "seus dias" em parte muito me alegra, por q o sr. é humano como eu e sabe muito bem disso...
Mas é ai q me deixa muito triste, devido a imensidão de pastores que lutam para não serem normais... Pois temem o q vão pensar, acham q devem "dar o exemplo" (como se apenas pastor fosse obrigação de ser um cristão verdadeiro), me entristece saber q muitas pessoas querem pastores humanos e não semi-deuses no púlpito...
A cada dia q passa conheço mais pessoas, e não as procuro para evitar conflitos na igreja, q querem alguém normal, querem um ser humano q as ajude, as entenda, não um ser superior q lhe aponte os erros e apenas deixa se aproximar se ela estiver santa.
Conheci uma menina no serviço q de tanto medo do pai, fez uma grande besteira na vida dela... tudo pq o pai dela é um tremendo de um "super crente".
Mas creio no remanescente q Deus está despertando... não estão em evidência, mas creio q são muitos!
O futuro da verdadeira igreja de Cristo... da mensagem da Cruz sendo realmente pregada.